sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Quem sou eu e por que eu escolhi o jornalismo como profissão

Depois de meses de estágio voluntário finalmente me surge a grande oportunidade: “Quer trabalhar na Federação Paulista de Futebol?”. Enfim um trabalho remunerado. Meu esforço seria a partir de então recompensado monetariamente e trabalhando em um lugar onde um sem número de pessoas do país do futebol gostaria de estar. Ter acesso a partidas de futebol, jogadores, dirigentes, técnicos e todos os que aparecem diariamente no diário esportivo de sua preferência.

Mas se passou mais de um ano e uma suspeita de início se confirmou. O esporte não pode ser minha vida. Nada contra o futebol, que me dá inúmeras alegrias e tristezas, mas contra a essência da minha concepção do jornalismo que quero fazer.

“Que bom que você trabalhar com esporte. É o que você sempre quis né?”. Na verdade não, mas não culpo quem me imagina desta forma. Boa parte dos rapazes que gostam de futebol e conversam de futebol querem um dia trabalhar com futebol. Não é o meu caso.

O esporte muda a vida das pessoas. Tornar-se um grande atleta tira um sujeito da pobreza do dia para a noite e, neste contexto, brilhantes histórias com brilhantes personagens podem ser contadas (isto falando do jornalismo esportivo de qualidade que se interessa por histórias individuais e não somente pela frivolidade do dia-a-dia).

Porém apenas uma pequena porcentagem se torna protagonista destas histórias, outros milhões seguem como coadjuvantes. Contar a história e a problemática destes que normalmente são os coadjuvantes é o tipo de jornalismo que eu quero fazer.

Não exatamente dos que tentaram o esporte. Mas normalmente dos que tentaram a escola, que tentaram a criminalidade, que tentaram o emprego informal ou que não exige formação, os que tentaram mesmo sem grandes oportunidades e de uma forma ou de outra conseguiram algum tipo de “sucesso” profissional e pessoal. O lado social é o que me encanta.

Eu, filho de uma família bem estruturada, sempre tive a meu dispor, às custas do suor dos meus pais, as portas abertas para todo o tipo de oportunidade para que eu alcançasse a profissão que eu desejava. Tornei-me jornalista.

Diferente de mim, nem todos têm essas oportunidades. Boa parte de futuros bombeiros, escritores, astronautas, músicos e cientistas param no meio do caminho, ou antes mesmo de começar, pois inúmeros fatores os impedem de seguirem seus sonhos.

Cabe a mim trabalhar para que a sociedade, que me deu oportunidades e às tira de outros, reverta esta situação. Para que todos possam se tornar os bombeiros, escritores, astronautas, músicos e cientistas do futuro.

Mas como eu poderia fazer esta contribuição? Denunciando os males e tentando de alguma forma abrir os olhos da sociedade para todas suas “doenças”, mas que grande parte das vezes passam longe dos seus diagnósticos e quase ninguém fica sabendo até que entre em um caminho sem volta.

“Mas não é muita pretensão querer mudar o mundo todo?” Sim. Mas antes a pretensão que a omissão. Antes entrar em uma batalha cujo objetivo é difícil de conseguir a desistir antes de dar o primeiro passo. Até porque, se nessa luta você consegue mudar o rumo de uma pessoa, você já começa a ganhar essa guerra.

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Este texto foi escrito para a inscrição no Curso Abril de Jornalismo.


Sem palavras

7 comentários:

Anônimo disse...

é muita pretensão querer mudar o mundo, mas ficar com a bunda na cadeira é que não dá né! enfim, só pra comentar mesmo!!

Débora Costa e Silva disse...

"Contar a história e a problemática destes que normalmente são os coadjuvantes é o tipo de jornalismo que eu quero fazer"
Adorei essa parte, resumiu bem o que você quer, gosta e faz mesmo (faz sim, mesmo que pouco ainda...)
MAS...Se você esperava que eu viesse aqui pra te elogiar e tal...se enganou! É isso mesmo!
Você nunca levou a sério meus elogios, só de terceiros...Tá na hora de você me valorizar!
Apesar de ter começado o comentário dizendo o que eu gostei...enfim!
Cabei! Beijos!

Débora Costa e Silva disse...

hahahhahahahah...aí! Não falei?
Agora que eu não comento mais aqui mesmo...






Mentira!!!
Você sabe que eu sou sua fã número UM! E nunca vou deixar de ser...
Agora vamos aos comentários: você se define quando fala sobre as oportunidades, no caso, as que teve, diferente dos outros, que não tiveram...E é sobre eles que você quer falar para tentar mudar o mundo! Gênia eu, não? hahahhaha.
O fato é que eu tenho orgulho de você...uma raridade entre os meninos...todos querem futebol, ou pelo menos receberiam a proposta de trabalhar com isso com muita alegria. Você nunca gostou - e mesmo assim não deixou de ser fanático pelo Verdão.
Enfim, é isso...Espero que mantenha seus ideais!
Beijos!

Débora Costa e Silva disse...

Fe...
Você que é um cara exigente e tal, duvido que participe...Mas é legalzinho, vai!
http://vagamundovago.blogspot.com/2007/11/corrente-literria.html
Beijos!
(saudades!)

Anônimo disse...

Ow, mas e ai? Seu texto foi aprovado para o curso?

Felipe Floresti disse...

Não.. é claro!

Elsa Villon disse...

Nada tem a ver com a sua postagem, mas vi o outro blog e pensei logo de cara em "Na pior em Paris e Londres" do George Orwell... Li e achei muito bom...